sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Hoje e o ultimo dia do ano e para esta data especial, quando, normalmente, fazemos um balanco dos ultimos acontecimentos e de como pretendemos reger nossa vida daqui pra frente, resolvi escrever sobre um tema muito atraente para nos, mulheres: a relacao com voce mesma e com o parceiro.
Este ano, dei inicio ao meu projeto de workshops e palestras so para mulheres. Esta primeira edicao focou na sexualidade e na forma como a mulher vive, hoje, a sua sensualidade e erotismo. Feliz com a receptividade deste primeiro encontro, ja me preparo para o proximo com uma nova empreitada: a expansao do tema, que passa a abordar, entre outras coisas, aquilo que vem a ser um dos maiores conflitos da mulher atual: a dificuldade de se manter singular em um relacionamento. Voce deve estar se perguntando o que quero dizer com isso. A resposta e simples. Manter-se singular nao significa manter-se solteira. Estar ao lado do homem ou da pessoa que amamos e maravilhoso, incomparavel. Mas erramos quando perdemos a singularidade ao desejar que o "outro" nos complete.
Os anos 60 nos deixaram uma heranca que acabou virando um grande fardo. Quando os baby boomers ganharam voz ativa, com muitas mulheres no mercado de trabalho e feministas inveteradas queimando sutias, exageraram na dose e, hoje, estamos pagando o pato. A mulher fingiu que podia ir de um extremo ao outro, que podia migrar da dona de casa subserviente dos anos 50 para uma powerwoman e que os homes passariam a ter papel coadjuvante em suas vidas. As mulheres comecaram a encarar suas carreiras como uma questao de sobrevivencia (financeira e social), os filhos ficaram para mais tarde e para os homens, elas fingiram deixar um espaco pequeno e sem muita importancia.
Crescemos com este legado, esta responsabilidade e por algumas decadas os divorcios dispararam e mulheres ocuparam cargos cada vez mais altos, exigindo delas um distanciamento cada vez maior da familia. Enquanto isso, os indices mundiais de mulheres com depressao, fobias e doencas causadas por estresse e problemas emocionais comecaram a disparar.
Ora bolas, mulheres sao mulheres, podem mudar externamente, mas biologicamente continuam no corpo de uma mulher, com uma fragilidade e sensibilidade que lhe elegeram parideira, aquela que carrega no ventre um outro ser, que grita de dor para ele nascer e que chora por ele e com ele, nos momentos bons e nos momentos tristes da vida. Este ser tao sensivel chamado MULHER, as custas de muito suor e lagrimas, conseguiu descobrir a formula da independencia financeira e social, mas jamais descobriu a chave para a total independencia emocional. Somos, sim, dependentes do amor, do afeto, do cuidado. Eramos nos que ficavamos na caverna cuidando da prole, enquanto nossos homens iam cacar. Nos amamentamos, acariciamos, protegemos. E assim como damos, ansiamos por receber. Tao simples quanto isso. E uma carencia vital, maternal, saudavel e totalmente compreensivel, da qual nao temos nada do que nos envergonhar.
Finalmente, a mulher se deu conta da necessidade deste equilibrio para alcancar a felicidade. A formula ideal seria unir a docura dos anos dourados de outrora com a possibilidade de ter uma vida propria, uma carreira da qual se orgulhe e que lhe de independencia financeira. Quando aceitamos isto, fica muito mais facil entender porque continuamos a querer ter filhos, a ter um companheiro e a cuidar destas pessoas como cuidamos de nos mesmas. Definitivamente, nao somos autosuficientes, mas tambem nao somos subservientes.
A tarefa agora e explicar a todos estes homens ai fora que a mulher de hoje nao e nem Amelia, nem autosuficiente. Eles se (mal) acostumaram com a figura da mulher independente, que disputa a vida de igual pra igual com eles, mas se esqueceram de que se tratam de seres biologicamente femininos, que nao estao preparados para sexo casual, nem para falta de compromisso. Nos, quando vamos para a cama com um homem, o recebemos dentro do nosso corpo, deixamos com que ele invada a nossa intimidade fisica e, certamente, invada tambem nossas emocoes mais reconditas. Querendo ou nao, o sexo nos conecta com o outro. Dificil entender isso quando se e homem, quando nao se e invadido por ninguem durante o ato sexual, quando nao se tem a sensibilidade visceral de captar a emocao, positiva ou negativa, do outro atraves do contato corporal. O comportamento contraditorio das mulheres nos ultimos tempos os confundiu e, agora, eles nos questionam, com toda razao: afinal, voces mulheres nos fizeram uma lavagem cerebral para que entendessemos que somos iguais, entao, o que querem agora ?
Queridas amigas, temos um duro trabalho pela frente. Encontramos o caminho da nossa felicidade, mas precisamos de muitas coisas, entre elas "deles" para ajudar a cruzar esta trilha longa e escura chamada vida. Onde estao as tochas dos nossos homens das cavernas ? Sera que eles ainda podem aprender a acende-las para nos ?
E, apos certa reflexao e fazendo um balanco nao so deste ultimo ano, e tambem dos dez que se passaram, chego a conclusao de que manter-se singular, mas tambem sincera com seus sentimentos, desejos e necessidades pode ser a grande chave para a virada.
Desejo a todas voces um 2011 singular ! Muito amor, paz, saude e money para se mimar a vontade naqueles momentos mais chatinhos da vida...rs
Grande beijo e ate o ano que vem

2 comentários:

miss m disse...

concordo parcialmente. Não entendo pq dizer que as mulheres não estão preparadas para sexo casual. Há mulheres e mulheres,e cada uma com sua verdade. Eu já fiz sexo casual várias vezes, e todas elas foram ótimas.Sem nenhum drama de consciência de qualquer tipo. Quando me apaixonei por um homem e quis ficar com ele, mesma coisa.Aliás, atualmente tenho um relacionamento maravilhoso há 3 anos. O que as feministas queriam, e acho que muita gente não entende até hoje, era que as mulheres tivessem o poder de escolha. Se querem filhos, que tivessem. Se quissessem carreira, que tivessem.O que não podia era o sistema da época, onde estávamos fadadas a ter apenas o destino de ser mãe e dona de casa. E há sim, nobreza neste destino, mas se torna triste quando é a sua única escolha possível. Assim como a falta ou a escolha pelo compromisso. Tenho 27 anos, e é o segundo relacionamento duradouro que tenho.E neste meio tempo,optei pela falta de compromisso- porque acho namoro, relacionamentos, algo que exije doação demais para você embarcar só para dizer que está namorando, sem estar apaixonada. Então, sinceramente, não consigo me encaixar nessa mulher que é infeliz com relacionamentos casuais, nem me acho superior a que não consegue. O que falta justamente a muitas mulheres ao meu ver, é justamente isso, a falta de coragem, jeito, não sei explicar bem talvez, mas não respeitar a própria mente e coração.Algumas namoram para não ficar faladas. Transam no primeiro encontro para não ser rotuladas de antiquadas.Ou não transam mesmo cheias de desejo com medo de ser rotulada de fácil.Talvez esse seja também um dos grandes desafios das mulheres em geral.

obs: quando falo que tive poucos namoros sérios, duradouros, friso que nunca os tive por opção. A maioria dos homens com quem conheci quiseram se relacionar a serio comigo, eu que nunca quis-pelo motivo já citado acima. Muita gente é incapaz de imaginar uma mulher que tenha chance de ter um relacionamento e não tenha por opção. POr isso a observação
agora, quanto ao tema central do texto, se manter singular em um relacionamento, concordo plenamente. Mas sinceramente, que não consigo imaginar uma mulher "singular" sem pelo menos um mínimo de independencia emocional.Coisa que se minha inferência do texto está correta, você afirma que as mulheres não o possui. Ou entendi errado?
abs, maurine

Equipe Press Rio disse...

Maurine,
Gostei muito do seu comentário. Como disse no final do post, o mais importante é ser sincera com seus sentimentos. Temos que viver da forma que mais nos satisfaz.
Quando digo singular, é exatamente dizer que devemos preservar a nossa independência, seja ela financeira ou emocional, pois esta singularidade pode fazer a grande diferença no papel da mulher em um relacionamento.
Quanto à mulher reagir de forma mais romântica em relação ao parceiro, historicamente acompanhamos esta tendência das mulheres. Talvez, como explico no post, por uma questão funcional. Mas gostei de ler este seu posicionamento, me fez pensar...
Obrigada e um grande beijo
Patricia

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